MATERIAIS - PEÇA ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO E POSICIONAMENTO DAS NAÇÕES
Silva, André Luiz V. da C. e
http://dx.doi.org/10.4322/tmm.2014.053
Tecnol. Metal. Mater. Min., vol.11, n4, p.275-275, 2014
A segunda década do século XXI está testemunhando uma clara percepção estratégica da importância dos materiais
no desenvolvimento e no posicionamento estratégico das Nações. Uma manifestação preliminar desta visão foi o
relatório “Integrated Computational Material Engineering (ICME) - A transformational discipline for improved competitiveness
and national security”[1] (Uma disciplina de transformação para a melhoria da competitividade e da segurança nacional) do
National Research Council Norte-Americano, de 2008.
Em 2011, o Presidente Obama lançou o programa “Materials Genome Initiative”[2], que, segundo a Casa Branca,
trata-se de “uma iniciativa multi-agência, projetada para criar uma nova era de políticas, recursos e infraestrutura que
suporte as instituições Norte-Americanas no esforço de descobrir, fabricar e aplicar materiais avançados duas vezes mais
rápido e por uma fração do seu custo”. O conceito do Genoma dos Materiais surgiu formalmente, porém, de forma
pouco clara. Há pouco tempo, Larry Kaufman, antes de falecer, e John Agren, dois grandes cientistas que nos visitaram
no XL CALPHAD de 2011, no Rio de Janeiro, argumentaram que o conceito, como exposto pelo Presidente Obama
não era claro o suficiente, e propuseram uma visão instigante da semelhança dos genomas biológicos com o genoma dos
materiais[3]. Kaufman e Agren tomaram como ponto de partida a definição citada pelo relatório do Projeto “Materials
Genome”[4] da Casa Branca, em que “o genoma biológico é um conjunto de informações codificadas na linguagem do
DNA que serve como uma “especificação” para o crescimento e desenvolvimento de um organismo. Assim, a qualquer
momento, o desempenho de um organismo depende do seu genoma (uma propriedade inerente) e de suas experiências
ou interações externas”.
Eles então sugerem que “um genoma de um material é um conjunto de informações codificadas na linguagem da
termodinâmica que serve como uma “especificação” para a estrutura do material. A qualquer momento, o desempenho
do material depende de seu genoma (propriedade inerente) e de suas “experiências” (interações externas- processamento-
condições durante o emprego)”. Um genoma seria, portanto, na visão de Kaufman e Agren, um conjunto de
informações obtidas pela avaliação de dados experimentais e teóricos, a partir das quais certas conclusões sobre o material
podem ser obtidas.
É evidente que a visão da importância estratégica para uma Nação da área de materiais é crucial! Os desenvolvimentos
em modelamento integrado de materiais (ICME), visando atender e integrar todas as etapas desde a concepção até a
produção do material, em tempo e com custos reduzidos, trazem um grande desafio para os engenheiros e cientistas
que trabalham na área, na busca de uma linguagem comum, de ferramentas adequadas e de métodos robustos, capazes
de concretizar ideias em produtos no mais curto espaço de tempo.
A revista TMM se propõe a ser um veículo dedicado a promover a interação de todos os profissionais envolvidos
neste desafio do início deste século, neste Admirável Mundo Novo!